Home RECIFE 5ª Semana da Capoeira do Recife homenageia mestre Sapo

5ª Semana da Capoeira do Recife homenageia mestre Sapo

Por Evandro Lira

A programação organizada pela Gerência de Igualdade Racial da PCR teve início neste sábado, no Paço do Frevo, e vai até a próxima quinta

Com muita capoeira ao som do frevo, teve início, neste sábado (1º), a 5ª Semana Municipal da Capoeira, no Paço do Frevo, no Bairro do Recife. A abertura da programação promovida pela Prefeitura do Recife foi marcada pela emoção nas homenagens prestadas ao mestre Sapo – precursor da capoeira Angola em Pernambuco que faleceu este ano. As atividades da semana comemorativa são abertas ao público e têm continuidade até a próxima quinta-feira (6), com oficinas, vivências de capoeira e rodas de diálogo em todas as seis Regiões Político Administrativas (RPAs) da cidade.

O objetivo da 5ª Semana Municipal da Capoeira, que tem como tema “Em Recife tem dendê”, tem o objetivo de discutir ações de preservação e divulgação da capoeira. As atividades são organizadas pela Gerência de Igualdade Racial da Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos do Recife (SDSJPDDH), em parceria com as Secretarias de Cultura, de Saúde e de Turismo, Esporte e Lazer, além do Fórum Municipal Permanente de Políticas Públicas para Capoeira, com apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan),Movimento Negro Unificado e do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígena da Universidade Católica de Pernambuco.

A capoeira é reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, desde 2014. Em novembro de 2013, a Prefeitura do Recife instituiu a Semana Municipal da Capoeira através da Lei Municipal n° 17.941, que colocou a ação no calendário oficial de eventos da cidade, na primeira semana do mês de setembro. O objetivo da programação é promover atividades que visem valorizar, visibilizar e refletir criticamente sobre a capoeira em todas as modalidades em que ela se manifesta, seja como esporte, luta, dança ou música.

Neste sábado, antes do início das atividades no Paço do Frevo, o Fórum Municipal Permanente de Políticas Públicas para Capoeira promoveu uma roda de capoeira no meio da rua e um cortejo ao redor da Praça do Arsenal, ao som da Orquestra de Lagoa do Ouro, do Agreste de Pernambuco. “É uma honra poder realizar a 5ª edição da Semana da Capoeira, que é um instrumento de resistência e transformação. Aqui temos mestres de todas as RPAs do Recife e vamos levar atividades para todas as áreas da cidade ao longo desta semana”, disse a gerente de Igualdade Racial do Recife, Girlana Diniz.

A mãe do mestre Sapo, Carmosina Maria Alves, recebeu uma placa em homenagem ao filho, que fundou o Grupo Angola Mãe, em Olinda. “Agradeço de coração à Prefeitura do Recife por essa homenagem. Meu filho ajudou muita gente através da capoeira, tirou“, disse a mãe de Humberto Ferreira de Mendonça, de 60 anos, que faleceu em março este ano.

A ex-companheira do mestre Sapo, Sueli Valongueiro, contou que a capoeira era a maior alegria da vida de Humberto. “Ele não jogava capoeira; ele vivia capoeira. Era o que mais lhe dava prazer. Através da capoeira, ele deu muitas oportunidades aos jovens das comunidades no entorno da academia onde treinava. Para ele, quem entrasse no grupo tinha que seguir as regras. Ele não considerava a capoeira apenas um esporte, mas sim uma filosofia de vida”.

O mestre Sérgio Sena, angoleiro do Grupo de Capoeira Herança de Angola e integrante doFórum Municipal Permanente de Políticas Públicas para Capoeira, explicou um pouco das diferenças entre a capoeira regional e a de Angola. Segundo Sérgio, que é também professor de história, pós-graduado em história e cultura africana, a capoeira regional tem mais saltos e acrobacias, além de os capoeiristas usarem corda na cintura para demarcar a graduação de cada um, enquanto a capoeira de Angola não usa corda e trabalha mais com a luta.

“Seguimos uma visão de capoeira anterior à capoeira regional. Misturamos capoeira com artes marciais. A capoeira procura preservar a identidade cultural de origem afrodescendente, sendo um instrumento importante para as construção e fortalecimento da nossa identidade cultural”, defendeu o mestre Sérgio.

Ele também falou da relação do frevo com a capoeira. “A capoeira se configurou de diversas formas diferentes em várias regiões do Brasil e do mundo onde houve escravidão. Aqui em Pernambuco, os capoeiristas sofriam muita perseguição política. Eles eram presos e levados para a Ilha de Fernando de Noronha. A capoeira vem de um processo de luta pela libertação. Em Pernambuco, por conta dessa proibição da capoeira, quando a polícia ia prender um capoeirista, ele alegava que estava dançando frevo. O frevo surgiu a partir da capoeira, como instrumento de sobrevivência”, explicou o professor.

PROGRAMAÇÃO  A programação da Semana Municipal da Capoeira continua na manhã deste domingo (2), quando será realizada uma oficina sobre Capoeira Anglo-Regional na Academia do Mestre Espinhela, no Alto José Bonifácio. Na segunda (3) e na terça (4), haverá vivência de capoeira em todas as seis RPAs da cidade. Já na noite da quarta (5), haverá roda de diálogo sobre a história da capoeira na Unicap Júnior, em Santo Amaro.

Na manhã da quinta, haverá uma roda de diálogo sobre a capoeira enquanto prática cultural e de resistência, no Núcleo da Cultura Afro-brasileira, no Pátio de São Pedro. À noite, a Semana Municipal da Capoeira será encerrada com uma roda de capoeira, cortejo e apresentação da Orquestra de Berimbau na Avenida Rio Branco, no Bairro do Recife.

Fotos: Cortesia

PROGRAMAÇÃO
02/09
Domingo
 
10h – Oficina sobre Capoeira Anglo-Regional na Academia do Mestre Espinhela
Local: Rua Tobati, n° 3.592, Alto José Bonifácio.
03/09
Segunda
 
Manhã:
RPA 1 – Escola General Emílio Dantas Barreto, das 10h30 às 11h30 – Vivência com a Mestra Shirley
Local: Avenida da Saudade, n° 303, Santo Amaro.
 
RPA 4 – Universidade Federal de Pernambuco, das 09 às 12h – Vivência com Caica
Local: Av. Prof. Moraes Rego, n° 1.235, Cidade Universitária. Hall do Centro de Educação da UFPE.
 
Tarde:
RPA 1 – Casa da Cultura, das 16h às 18h – Vivência com Mestre Du Vale
Local: Rua Floriano Peixoto, n° 141, Santo Antônio.
 
Noite:
RPA 2 – Praça do Hipódromo, das 18 às 19h – Vivência com Mestre Pijama
Local: Rua Nogueira Lima, s/n°, Hipódromo.
 
RPA 3 – Parque Urbano da Macaxeira, das 19h às 21h – Vivência com Mestre Peu
Local: Av. Norte Miguel Arraes de Alencar, s/n°, Macaxeira.
 
RPA 5 – Praça Simão Borba – Vila Tamandaré, das 18 às 19h – Vivência com Mestre Alemão
Local: Rua Simão Borba, Vila Tamandaré, Estância.
04/09
Terça
 
14h – Vivência de Capoeira com Professor Alexandre Rasta na Escola José Costa Porto
Local: Cabo Eutrópio, n° 660, Ilha Joana Bezerra.
 
05/09/
Quarta
 
19h às 21h
Roda de diálogo: “Traçando a história da capoeira em Pernambuco”
Local: Unicap Júnior – Rua Almeida Cunha, n° 352, Santo Amaro.
Com mestre Courisco, responsável pelo grupo Chapéu de Couro, da Unicap;
mestre da Meia Noite, fundador do Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, e mestra Di, coordenadora do Grupo de Capoeira Dí Angola.
06/09
Quinta
 
10h às 12h
Roda de diálogo: A Capoeira enquanto prática cultural e de resistência.
Local: Núcleo da Cultura Afro-brasileira – Pátio de São Pedro, Casa 34.
Com participação de mestre Walter Atitude (CE), Mestre Yaô, Instrutora Arara, Mestre Queixada e Mestre Sapulha (AL).
 
A partir das 17h
Encerramento com roda de capoeira, cortejo e apresentação da Orquestra de Berimbau.
Local: Avenida Rio Branco, Bairro do Recife




Sofia Costa Rêgo
Assessora de Imprensa 

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