Home Ciência e Tecnologia Novembro Azul: saúde masculina além do câncer de próstata

Novembro Azul: saúde masculina além do câncer de próstata

Por Evandro Lira

*Dr. Carlos Alberto Reis Freire

 

Com o fim do mês de outubro, é chegada a hora mais uma vez de abraçar o Novembro Azul. Criada em 2003, na Austrália, para aumentar a conscientização do Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, celebrado no dia 17 de novembro, a campanha hoje engloba o cuidado integral da saúde masculina.

Enquanto o câncer de próstata ainda é deveras preocupante (o Instituto Nacional do Câncer, INCA, estimou em 2017 que haveria 67.220 novos casos do transtorno neste ano), ele não é nem de longe a principal causa de morte entre homens no Brasil e no mundo. A negligência com sintomas, tratamentos e prevenções é muito mais nociva à saúde masculina do que qualquer doença singular. Por isso, confira as seguintes dicas para evitar os males que mais matam homens ao redor do mundo.

– Ataque cardíaco: o infarto agudo do miocárdio ocorre em ambos os gêneros, mas há uma predominância entre pessoas do sexo masculino. Isso se deve, principalmente, em razão dos hábitos de vida, como sedentarismo, obesidade, tabagismo, hipertensão e o excessivo consumo de álcool, todos mais comuns entre homens, e do pouco cuidado com exames preventivos. Homens acima dos 45 anos e com histórico da doença na família estão mais propensos ao infarto e devem redobrar o cuidado. Uma alimentação sadia e exercícios cardiovasculares equilibrados podem reduzir a chance do ataque, que pode ser fatal.

– HPV: esta doença sexualmente transmissível é caracterizada por pequenas verrugas nas regiões íntimas e pode ocorrer mesmo com o uso da camisinha, pois a contaminação ocorre por meio do contato das mucosas e fluidos sexuais de alguém que esteja infectado. Em homens, porém, é extremamente comum que não haja a manifestação de nenhum sintoma. Assim, o diagnóstico do HPV é feito através de exames como a peniscopia, que envolve a aplicação de uma compressa com ácido acético em volta do pênis. O tratamento é feito com o auxílio de remédios e pomadas e pode durar até dois anos. Em alguns casos, é possível recorrer a opções cirúrgicas.

– Câncer de pulmão – mais uma vez, uma doença que não discrimina quando o assunto é gênero. Porém, o transtorno tem uma relação direta com o tabagismo, hábito mais prevalente entre homens do que em mulheres no Brasil. Substâncias químicas presentes no cigarro são diretamente responsáveis pelo surgimento dos tumores na absoluta maioria dos casos. Tratamentos incluem cirurgias, radioterapia e quimioterapia.

– Depressão: em linhas técnicas, a depressão é causada por uma falha na produção ou recaptação de neurotransmissores, o que afeta a química cerebral. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país com mais casos de depressão no mundo, afetando quase 6% dos cidadãos nacionais. Por preconceito e mais dificuldades para aceitar tratamentos, homens demoram para buscar ajuda, dificultando o diagnóstico e o tratamento. Trabalhos científicos mostram, inclusive, maior incidência de infartos e AVCs (acidentes vasculares cerebrais) em pacientes depressivos, assim como a maior associação entre a doença e outros transtornos como câncer, diabetes e obesidade. Então, não hesite em buscar o auxílio de psicólogos e psiquiatras.

Todos os transtornos descritos acima afetam, sim, tanto homens quanto mulheres. Porém, o número de mortos masculinos é muito maior, exatamente em razão de descuidos e desleixos na hora do tratamento e da prevenção. Não acredite que o cuidado com a saúde é uma prática exclusiva para mulheres. Cuide-se, tendo sempre em mente o próximo Novembro Azul.

*Carlos Alberto Reis Freire é oncologista clínico do HSANP, centro hospitalar da Zona Norte de São Paulo (SP).

Colaboração de Lucas Parolin
Assessoria de Imprensa

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