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Paulo volta a defender diálogo nacional

Por Evandro Lira

Em entrevista à rádio CBN, o governador Paulo Câmara disse nesta quarta-feira (13.04) que, seja qual for o desfecho da votação sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o Brasil precisa retomar o diálogo necessário ao enfrentamento da crise econômica. “O Brasil vai precisar dar respostas imediatas, que mostrem claramente o caminho que precisa ser percorrido para que o País volte a crescer, gerar emprego, gerar renda”.

Paulo Câmara defendeu que é fundamental que haja o desarmamento político nacional, “que todo mundo respeite a decisão que o Congresso vai tomar e que busque alternativas para o Brasil sair desse momento”. Segundo o governador de Pernambuco, os Estados, municípios e a população estão sofrendo muito.

“Isso tem se refletido nos números da saúde, nos números da segurança e nos números do emprego. É só olhar o que aconteceu ano passado no Brasil com 1,5 milhão empregos a menos, na Região Nordeste com 254 mil empregos a menos, em Pernambuco com menos 90 mil empregos. Entendemos que não podemos ficar parados. Nós vamos ter voz ativa, buscar alternativas e buscar soluções. Não é um momento desejável para ninguém, mas é um momento que existe. E, após a definição do processo de impeachment, aí, sim, é fundamental, aí temos que ter, todos, muita responsabilidade com o País”, argumentou Paulo Câmara.

A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA
DO GOVERNADOR PAULO CÂMARA:

Milton Jung – Governador Paulo Câmara, como é que os senhor está avaliando este momento que nós temos agora? Começando a pensar um pouco sobre o seu partido, o PSB, há uma definição mais clara sobre o posicionamento em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff?
Paulo Câmara – Nós, como todos os brasileiros, estamos muito preocupados com o momento atual. O Brasil sofre com uma paralisia muito grande, com recessão, desemprego e uma falta de clareza na definição de rumos. Em um cenário preocupante como esse e diante de uma decisão de que deve ocorrer aí, ao longo dos próximos dias, sobre o processo de impeachment, o PSB definiu, na última segunda-feira, o seu posicionamento, orientando a sua bancada de deputados a votar em favor do impedimento da presidente. Mas, nós, governadores, prefeitos e dirigentes partidários estamos preocupados com o pós-processo de impeachment. Independentemente do resultado, o Brasil vai precisar dar respostas imediatas, que mostrem claramente o caminho que precisa ser percorrido para que o País volte a crescer, gerar emprego, gerar renda.

Milton Jung – E dentro dessa preocupação governador, o senhor trabalha com qual cenário? O da manutenção da presidente Dilma Rousseff no cargo ou o com o Michel Temer?
Paulo Câmara – Eu acho que o processo ainda está indefinido. Nós temos que olhar os dois cenários. O importante é que em ambos, ou o presidente Temer ou a presidente Dilma, tenham, após a decisão desse processo de impeachment, a capacidade de buscar dar respostas, de buscar um caminho, de buscar juntar as pessoas, ouvir as pessoas, para que o processo ande. Eu defendo, como o meu partido vem defendendo, o afastamento porque a gente entende que isso é o melhor para o Brasil. Mas nós vamos respeitar a decisão do Congresso Nacional e o PSB vai buscar, como sempre tem feito, contribuir, da forma que ele entende, com propostas, com capacidade de diálogo, sentando à mesa sempre que for convidado, para que o Brasil volte a caminhar em favor dos brasileiros.

Milton Jung – Pelo nível do debate que nós temos hoje, pelas declarações que temos ouvido, seja da presidente Dilma, seja do vice-presidente Michel Temer, seja de todas as partes desse cenário político, o senhor vê realmente essa possibilidade de se houver o impeachment, haver um acordo para se tentar uma retomada do País a partir da semana que vem? O senhor vê a possibilidade do setores políticos se conversarem realmente?
Paulo Câmara – É necessário. Após a definição desse processo que está iminente e já é no próximo final de semana, todos nós que somos brasileiros e que queremos o bem temos responsabilidade política com esse País, nós vamos ter que ter essa capacidade. O PSB já se colocou à disposição e a gente entende que é importante e fundamental que haja o desarmamento, que todo mundo respeite a decisão que o Congresso vai tomar e que busque alternativas para o Brasil sair desse momento. Os Estados estão sofrendo muito, os municípios estão sofrendo muito, e, principalmente, a população está sofrendo muito com essa crise que tem trazido uma piora na qualidade dos serviços públicos oferecidos. Isso tem se refletido nos números da saúde, nos números da segurança e nos números do emprego. É só olhar o que aconteceu ano passado no Brasil com 1,5 milhão empregos a menos, na Região Nordeste com 254 mil empregos a menos, em Pernambuco com menos 90 mil empregos. Entendemos que não podemos ficar parados. Nós vamos ter voz ativa, buscar alternativas e buscar soluções. Não é um momento desejável para ninguém, mas é um momento que existe. E, após a definição do processo de impeachment, aí, sim, é fundamental, aí temos que ter, todos, muita responsabilidade com o País. Porque senão vamos entrar em uma crise maior ainda do que a que estamos vivendo Está cada vez mais difícil ter soluções que apontem um caminho, se não houver um claro entendimento nacional.

Milton Jung – O PSB participaria de um Governo Temer?
Paulo Câmara – O PSB, desde 2013, quando entregou todos os cargos e passou a ter uma posição crítica em relação aos rumos do Brasil, buscou um caminho em 2014 com a candidatura de Eduardo e depois com a candidatura da Marina. Entendemos que podemos contribuir para o Brasil com nossas propostas, com nossas ideias, com a nossa capacidade de sentar à mesa e com a nossa capacidade de diálogo. Agora, discutir cargos, discutir a participação no Governo isso vai ensejar a capacidade do presidente Temer, caso assuma a Presidência, ou da presidente Dilma, se ficar, de buscar um diálogo que possa apontar caminhos. Se tiver um diálogo com propostas em favor do Brasil apontando caminhos, o PSB de maneira nenhuma vai se furtar a discutir isso e ver a melhor forma de contribuir para o Brasil.

Milton Jung – Do ponto de vista da economia, que medidas deveriam ser adotadas depois de uma decisão tomada, seja ela qual for, em relação ao processo de impeachment?
Paulo Câmara – Primeiro, o ajuste fiscal precisa ser continuado. Os Estados já têm feito os seus ajustes fiscais. Ano passado, eu cortei mais de um R$ 1 bilhão em despesas. Não aumentamos folha de pagamento e seguramos todos os gastos de manutenção da máquina. Todos os Estados estão fazendo o seu dever de casa, até para poder fechar as contas e não atrasar folha de pagamento, não atrasar fornecedores. Tem Estado que não tem nem conseguindo isso. Esse ajuste precisa ser feito tanto no âmbito dos municípios, como no âmbito dos Estados e no âmbito do Brasil. Agora, precisa ter medidas para retomar o investimento, medidas que precisam ser colocadas de imediato na mesa. Desde o ano passado, os Estados menos endividados têm mostrado que há o caminhos das operações de crédito, inclusive com organismos internacionais, que possam destravar obras, que possam gerar emprego, gerar renda, que possam reanimar o comércio e o serviço. Então, alguma forma de destravar o investimento e gerar emprego é fundamental nesse momento e também o restabelecimento da confiança. Muita gente está esperando para ver o que vai acontecer. Se houver, após essa decisão do impeachment, uma clara sinalização de medidas concretas de retorno da confiança, evidentemente, que o investidor tanto nacional, como internacional, vai começar a projetar mais, a fazer com que os projetos possam sair do papel e medidas vão precisar ser tomadas, medidas econômicas. A gente vê aqui uma decisão do final do ano passado que aumentou os juros do Banco do Nordeste, que financia empresas aqui do Nordeste, praticamente dobrou os juros dessas empresas. Isso precisa ser revisto e voltar ao patamar anterior. Porque em um momento como esse, onde se precisa de investimento privado também, a gente toma medidas justamente contrárias a isso, contrário ao setor produtivo e à geração de emprego. Então, isso é uma questão que precisa ser muito bem discutida e a capacidade de ouvir dos governantes é fundamental nesse momento.

Milton Jung – Governador Paulo Câmara, já que o senhor está falando aqui sobre contas públicas nós temos essa discussão da dívidas do Estados provocada pelo Estado de Santa Catarina, que obteve uma liminar no STF para que a dívida do Estado seja feita por juros simples e não juros compostos. Como é que o senhor pretende administrar essa questão? O Estado de Pernambuco entra em uma mesma reivindicação e entende que essa é uma reivindicação justa?
Paulo Câmara – Isso pegou de surpresa todos os Estados. Ninguém esperava uma decisão como essa, mas é uma decisão que existe liminarmente, por parte do Supremo. E, evidentemente, que todos os Estados vão olhar isso de maneira muito efetiva porque traz um alívio realmente em um item de despesa que pesa muito nas contas públicas. Se olharmos o que se gasta com folha de pagamento, com dívida pública, repasse a Poderes e repasse a municípios, praticamente sobra muito pouco para os Estados investirem. E podendo mexer num item como esse, da dívida pública, evidentemente, que todos nós temos que olhar, ver se realmente há viabilidade. Agora, temos que ter segurança jurídica, precisamos que o Supremo julgue logo se isso tem um mérito eficaz ou se isso pode ser revisto, já que se trata de uma decisão liminar.

Milton Jung – O senhor pretende entrar com algum pedido, alguma liminar a seu favor?
Paulo Câmara – Estamos articulando para entrar todos os Estados que ainda não entraram. Para que, tão logo haja uma definição por parte do Supremo, isso seja estendido a todos os Estados. Porque é um alívio nas contas públicas que a gente não pode abrir mão, de maneira nenhuma, num momento como esse.

IMPRENSA PERNAMBUCO

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