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Ex-assessor de Eduardo Campos mostrou a verdade sobre a paternidade do “Pacto Pela Vída”

Por Evandro Lira

Eduardo Campos com Evaldo Costa (Foto: Alexandre Severo/Acervo JC Imagem)


 

Para entender como tudo aconteceu e do surgimento do “Pacto Pela Vida”, Evaldo Costa em seu relato traz fatos que mostram claramente o sucesso do Pacto e da liderança de Eduardo neste processo, o pai, a origem, você ficará sabendo agora.

Ratton, nosso Pero Vaz de Caminha

 
Evaldo Costa
 

Teste rápido: quem descobriu o Brasil foi Pero Vaz de Caminha ou Pedro Álvares Cabral? Para o raciocínio que vou fazer aqui não vale responder “nenhum dos dois” (você verá porque linhas abaixo). Respondeu? Sei qual foi a sua escolha. Não há dúvida de que, se  aconteceu como nos contaram, Cabral liderou a esquadra e Caminha foi uma espécie de assessor de imprensa, alguém que ia anotando os detalhes para em seguida fazer o release. Não passa pela cabeça de ninguém dizer que o escriba – aquele que põe no papel o que lhe é ditado – é o verdadeiro protagonista da história, correto?

Recentemente, porém, apareceu um outro caso no qual alguns, com propósitos que serão revelados a seguir, estão tentando fazer crer que quem fez o Pacto pela Vida foi o professor José Luiz Ratton e não o governador Eduardo Campos. Ou melhor:  que o pai do Pacto é Ratton e não uma quantidade enorme de pessoas da academia, das polícias, do Judiciário e do MP, do movimento social e da máquina pública estadual que trabalharam arduamente, sob a liderança de Eduardo, para desenhar e implementar a mais bem sucedida política pública de segurança pública que este país já viu.

É claro que uma loucura como esta não pode prosperar. Primeiro como assessor de imprensa da campanha de Eduardo Campos e depois como secretário de imprensa fui testemunha ativa e posso dizer com toda a segurança que não é verdade nem mesmo que Ratton tenha concebido o Pacto pela Vida. De fato, ele trabalhou, como muitas outras pessoas trabalharam. Mas esta tentativa de autoglorificação napoleônica e a vontade de impor esta contrafação são tão absurdas quanto dizer que quem faz o inquérito é o escrivão e não o delegado.

Mantenho excelente relação com o professor Ratton. Eu o levei a Eduardo Campos, em 2006. Antes, em 2005, insisti muito e consegui convencer o jovem e desconhecido professor de sociologia a autorizar uma breve citação dele no jornal do Diretório do PSB de Pernambuco (Movimento, ano I, número 2, maio/2005). Naquela época, Ratton não apostava um centavo na eleição de Eduardo. Depois da vitória,  tive mais facilidade para levá-lo a uma reunião na casa do já governador eleito, da qual participaram outros cinco cientistas sociais convidados a falar sobre o tema segurança pública.

Eduardo sabia muito bem o que queria: selecionar entre aqueles professores um com prática em realizar seminários de planejamento, para recolher e relatar contribuições e consolidar documentos coletivos. Ratton foi o escolhido somente por não ser pernambucano – aliás, vivia há pouco tempo no estado – e ter  um ouvido menos contaminado pelos velhos paradigmas que regiam o debate sobre segurança em Pernambuco. Depois de levá-lo no portão naquela noite, Eduardo refletiu: “Acho que ele pode nos ajudar, apesar de ser meio espertinho”. Sábias palavras, atinada avaliação…

A construção do Pacto foi uma tarefa de longa duração e da qual participou muita gente. Em 2005, Eduardo, reuniu especialistas locais e de todo o Brasil num workshop na Fundação Joaquim Nabuco (Ratton não participou). Neste encontro, foram definidas as principais linhas da política de segurança que defendeu na campanha. Eleito, avançou no detalhamento. Primeiro foram os seminários – sim, os seminários! –, depois a redação do documento que sintetizava um conjunto de princípios e uma relação de ações a serem implementadas, assim como definida a meta de redução de 12% no número de crimes de morte. Como assessor, alguém sem nenhuma responsabilidade executiva ou operacional,  Ratton foi encarregado de tirar do gravador centenas de sugestões e redigir um documento que é, vamos dizer, a descrição do PPV.

O jogo começou de verdade no dia seguinte ao lançamento do Pacto. Pela primeira vez na história, um governador dava a cara a tapa e comandava pessoalmente todo o aparato destinado à prevenção, ao combate à criminalidade e à repressão dos atos violentos. Na prática, ele colocou a gestão da segurança pública no mesmo modelo com que eram geridos as escolas e hospitais, a construção de estradas, a consolidação do equilíbrio fiscal e a atração de indústrias para o Estado. Se Ratton fosse o pai do Pacto, teria que ser, necessariamente, o pai de tudo o mais.

O sucesso ou o fracasso do Pacto dependia de uma multidão de profissionais nas ruas, unidades policiais e nas reuniões de monitoramento, onde os acertos eram pontuados e os problemas debatidos e corrigidos. Ratton pouco participava desses encontros. Eduardo não gostava, cobrava sua presença, mas no íntimo entendia que o papel dele estava concluído.

Agora, ele aparece por aí com avaliações totalmente desorientadas sobre o Pacto pela Vida, numa aposta que não é somente equivocada do ponto de vista político, mas, também, um previamente anunciado desastre eleitoral. E é por tudo isso que, piedosamente, vamos dar a Ratton o que é de Ratton,  o nosso Pero Vaz de Caminha.

Reconhecer: escriba, relator, sistematizador de contribuições alheias, sim. Pai, mãe, mentor – não!

 
Evaldo Costa é jornalista e ex-secretário de imprensa dos governos de Arraes e Eduardo Campos

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